Monstro
Projeto de reflexão e questionamento feito em -lisboa a Sao Paulo, pelo Teatro do Vestido- portugal - e o Manufactura Suspeita.
De onde vem este título?
De uma carta que um de nós escreveu a outro,
era uma espécie de carta sobre o estado da nação (do mundo?),
como se o outro fosse um alienígena ou assim, como se o outro andasse de
abalada mas nem sequer no estrangeiro, noutro planeta. E dizia assim:
“CALAMIDADE É O NOME DADO A ESTE MONSTRO que mata o desejo e a possibilidade de
conseguir construir
CALAMIDADE É O FIM DO COMBATE
DOS COWBOYS CONTRA OS FEDERAIS EM QUE OS FEDERAIS DIZEM O SEGUINTE AO OUVIDO DO
PRESIDENTE:
- Senhor Presidente, já não há cowboys, as
suas carcaças estão estendidas ao longo das avenidas, estradas e vias públicas. Os pássaros
alimentam-se assim há duas semanas.
- O preço das rações desceu,
senhor presidente, mas não façamos disso grande alarido.
- Já podemos arrumar o país, senhor, a um
canto, depois tratamos dele quando tivermos tempo e for a altura certa, a
altura certa senhor.
CALAMIDADE será não apenas os abusos
de poder, as violações dos direitos e dos corpos humanos mas também o começo da coisa má humana, o
desistir perante o poder pequeno, desistir perante o grande poder, o roubo da
vontade e a cedência da mesma por questões hierárquicas e medo
do nunca-melhor
CALAMIDADE é a observação não-participante
na comédia divina
LOGO TÂNIA, O NOME
DISTO QUE ANDAMOS A VIVER NÃO É OUTRO, É CALAMIDADE
a destruição do valor
humano em todas as suas intensidades diferentes, do poucochinho à saturação total.”
E ficou Monstro. Porque queremos refletir
neste trabalho acerca daquilo que nos come por dentro e às coisas à nossa volta, e
que queremos que pare, que pare, que pare.
Convidámos Maurício Paroni de
Castro, encenador brasileiro, de ascendência italiana,
com vasto trabalho realizado em São Paulo e na Europa, para criar conosco
este objeto cefalópode, que acontece em Lisboa, em São Paulo em março de 2013 - Na SP Escola de Teatro e no Festival de Curitiba.
Trabalhando a partir de uma metodologia que
apelidou de “deriva” e da qual o Teatro do Vestido já em 2003 se apropriou
e adaptou como parte do seu modus operandi de construção criativa, Maurício Paroni de
Castro descreve a sua forma de trabalhar com as seguintes palavras: “O exercício da Deriva foi
criado para trabalharmos praticamente com o conceito de cartografia emocional.
O exercício
é, na
prática,
criar situações reais, em locais públicos, nas quais o
ator realiza um deslocamento a partir de premissas previamente determinadas e
com um tempo de duração também estipulado. O exercício gera um fluxo de ações que é determinado pelo percurso feito. Ao termino, são feitas as considerações e reflexões
acerca do mesmo, para compreender e contextualizar a trajetória emocional. Esse
exercício
foi o ponto fundamental desta pesquisa, onde os atores são o suporte da dramaturgia, e não o contrário, como costuma-se fazer tradicionalmente. Os ganhos
dessa inversão de percurso são de vários níveis: conceitual, criativo e interpretativo.” A “deriva” será, portanto, a base
metodológica
da construção de Monstro, e existe à partida um grande
entendimento artístico
entre o Teatro do Vestido e o encenador.
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